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26 outubro 2021
14:03
Redação / Agência Lusa

Energias renováveis ultrapassam pela primeira vez combustíveis fósseis na União Europeia

Energias renováveis ultrapassam pela primeira vez combustíveis fósseis na União Europeia
Seagul por Pixabay
Um relatório, divulgado pela Comissão Europeia, revela que em 2020 as energias renováveis foram mais utilizadas do que os combustíveis fósseis para gerar eletricidade.

As energias renováveis foram, em 2020, a principal fonte de energia na União Europeia (UE), ultrapassando pela primeira vez os combustíveis fósseis na produção de eletricidade, revela um relatório hoje divulgado pela Comissão Europeia.

Em causa está o relatório hoje publicado sobre o Estado da União da Energia para 2021, com um balanço sobre os progressos da UE na realização da transição de energia limpa, quase dois anos após o lançamento do Pacto Ecológico Europeu e numa altura de escalada dos preços da luz ? devido à subida no mercado do gás, à maior procura e à descida das temperaturas ?, que ameaça exacerbar a pobreza energética e causar dificuldades no pagamento das contas de aquecimento neste outono e inverno.

Em concreto, ?o relatório mostra que as energias renováveis ultrapassaram os combustíveis fósseis como a fonte de energia número um na UE pela primeira vez em 2020, gerando 38% da eletricidade, em comparação com os 37% dos combustíveis fósseis? e com os 25% da energia nuclear, realça o executivo comunitário em nota à imprensa.

Dados incluídos no documento, consultado pela Lusa, revelam que Portugal era, em 2019, o sétimo país da UE com percentagem mais alta de energia proveniente de fontes renováveis a pesar no consumo final bruto, na ordem dos 30%, apenas superado pela Suécia, Finlândia, Letónia, Dinamarca, Áustria e Estónia.

A média comunitária desta quota das fontes de energia renováveis no cabaz energético global da UE fixou-se em, pelo menos, 22%, embora alguns Estados-membros estivessem em risco de não cumprir as suas metas nacionais.

O relatório indica também que, até agora, ?nove Estados-membros da UE já eliminaram progressivamente o carvão, 13 outros comprometeram-se com uma data de eliminação progressiva e quatro estão a considerar possíveis calendários?, assinala Bruxelas.

Além disso, ?em comparação com 2019, as emissões de gases com efeito de estufa na UE a 27 em 2020 caíram quase 10%, uma redução sem precedentes nas emissões devido à pandemia covid-19, que trouxe reduções globais de emissões para 31%, em comparação com 1990?, acrescenta a instituição.

O documento revela ainda uma diminuição de 1,9% no consumo de energia primária e de 0,6% no consumo final de energia no ano passado, reduções que ficam, porém, acima da trajetória necessária para cumprir os objetivos climáticos da UE para 2020 e 2030.

Este menor consumo de energia em geral levou a uma redução ligeira nos subsídios aos combustíveis fósseis, enquanto os subsídios às energias renováveis e à eficiência energética aumentaram em 2020.

?Embora haja uma série de tendências encorajadoras, serão necessários maiores esforços para atingir o objetivo de 2030 de reduzir as emissões líquidas em pelo menos 55% e alcançar a neutralidade climática até 2050?, alerta a Comissão Europeia, ressalvando também que ?os dados terão de ser analisados cuidadosamente no próximo ano para tendências pós-covid-19 a mais longo prazo?.

Este relatório surge também num contexto de pico dos preços da energia em toda a Europa, em grande parte devido ao aumento dos preços do gás.

Embora temporária, esta situação revela a dependência da UE das importações de energia, que aumentou para o nível mais alto em 30 anos, bem como a necessidade de o bloco europeu apostar em fontes alternativas e mais limpas para aumentar a segurança energética da UE.

Segundo o relatório, cerca de 31 milhões de pessoas na UE estão em risco de pobreza energética.

A Comissão Europeia apresentou, em meados de outubro, uma ?caixa de ferramentas? para orientar os países da UE na adoção de medidas ao nível nacional para aliviar as faturas dos consumidores.

A instituição propôs aos Estados-membros que avancem com ?vouchers?, reduções temporárias ou moratórias para aliviar as contas da luz aos consumidores mais frágeis, sugerindo ainda uma investigação a ?possíveis comportamentos anticoncorrenciais?.

O executivo comunitário propôs ainda aos países que avaliassem ?potenciais benefícios? de uma aquisição conjunta voluntária de reservas de gás.

Portugal é um dos Estados-membros da União Europeia que já avançou com medidas de apoio para enfrentar a crise energética após orientações da Comissão Europeia, disse à agência Lusa fonte comunitária.