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28 janeiro 2022
14:19
Redação / Agência Lusa

Brasil mantém maior taxa de homicídios de transexuais do mundo

Brasil mantém maior taxa de homicídios de transexuais do mundo
Em 2021, foram assassinadas 140 pessoas transgénero, no Brasil.

O Brasil registou 140 homicídios de pessoas transgénero em 2021, menos 20% face aos 175 crimes registados em 2020, e mantém-se como o país com mais casos do mundo, denunciou uma organização de defesa dos direitos desta população.

De acordo com o Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil, publicado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2021 quatro em cada dez assassínios de pessoas trans do mundo ocorreram no Brasil.

Além disso, houve pelo menos mais 79 tentativas de assassínio de transgéneros, embora a própria Antra reconheça as limitações de mapear esse tipo de informação.

Da mesma forma, apesar de os homicídios em 2021 terem caído face ao ano anterior, o número permanece acima da média de 123,8 homicídios por ano registados desde 2008, quando a entidade começou a contabilizar esse tipo de violência.

No relatório, a Antra frisou que expor essa realidade é importante para debater as violações de direitos humanos contra esta comunidade.

Entre os fatores apontados como propulsores da violência extrema contra a população trans, a associação destacou o preconceito, a falta de políticas públicas consistentes por parte das autoridades e a impunidade dos agressores.

Entre as 140 pessoas transgénero assassinadas em 2021, 135 eram travestis e mulheres, confirmando a situação de “alta vulnerabilidade à morte violenta e prematura dessa população”.

Segundo o estudo, isto ocorre porque estas pessoas “estão mais expostas à discriminação e violência motivada por discursos de ódio e incentivo para aniquilar a sua existência, devido ao lugar desumano e abominável em que foram colocadas”.

A Antra também informou que pelo menos 78% dos homicídios em 2021 foram cometidos contra travestis e mulheres trans que trabalhavam como profissionais do sexo e, portanto, esta população está mais vulnerável a violência direta.

A organização também afirmou que o perfil das pessoas que mais morrem por violência transfóbica no Brasil são travestis ou mulheres trans, negras, pobres e periféricas que se prostituem nas ruas e "são percebidas dentro de uma estética travesti socialmente construída".

Já a média de idade entre as pessoas trans que perderam a vida no Brasil foi de 29,3 anos, enquanto a vítima mais jovem tinha apenas 13 anos, o que confirma o nível preocupante e recente de mortes cada vez mais prematuras entre essa população.

Assim como em anos anteriores, a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos.

A Antra também destacou que os números podem ser maiores, já que os estados e o Governo federal “insistem numa política de manutenção de subnotificações sistemáticas para negar a violência específica contra aquela população”.

Apesar da falta de dados, o relatório conclui frisando que “o Brasil vem passando por um processo de ressurgimento na forma como trata travestis, mulheres transexuais, homens trans, pessoas transmasculinas e outras pessoas trans".

 

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