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29 janeiro 2022
10:05
Redação

Cinco agências de viagens não reembolsam clientes de viagens de finalistas canceladas em 2020

Cinco agências de viagens não reembolsam clientes de viagens de finalistas canceladas em 2020
PIXABAY
Situação motivou 226 pedidos de reembolso à comissão arbitral, informou o Turismo de Portugal.

Cinco agências de viagens, entre as quais a XTravel, incumpriram a obrigação de reembolso de clientes de viagens de finalistas canceladas em 2020, devido à pandemia, motivando 226 pedidos de reembolso à comissão arbitral, informou o Turismo de Portugal.

"Até sexta-feira, a Comissão Arbitral recebeu 226 requerimentos de intervenção relativos a reembolsos de viagens de finalistas (respeitantes a cinco agências de viagens)", refere numa nota à Lusa o Turismo de Portugal, junto do qual funciona aquela comissão de resolução de conflitos, que é convocada pelo presidente do Turismo de Portugal e consiste num dos mecanismos que acionam o Fundo de Garantia de Viagens e Turismo (FGVT).

O FGVT já ativou seis pagamentos, no valor de 2.900 euros, relacionados com a emissão de vouchers, "todos suportados por decisões em tal sentido de instâncias de arbitragem de conflitos de consumo", refere o Turismo de Portugal, adiantando que, neste âmbito, cinco processos já foram pagos, num total de 1.910 euros.

 Os consumidores que ainda não receberam o reembolso de viagens canceladas em 2020, devido à pandemia da covid-19, podem acionar um de dois mecanismos de intervenção extrajudicial, requerendo a intervenção da comissão arbitral ou recorrendo ao Provedor do Cliente das Agências de Viagem e Turismo quando a agência seja associada da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turism (apAVT), sendo qualquer das decisões suscetível de acionar aquele fundo de garantia.

O acionamento do FGVT tem, assim, de ser precedido de uma decisão de reembolso, tomada por uma instância com competência para decidir conflitos de consumo ou um tribunal, de acordo com a lei que rege as agências de viagens e que regula o funcionamento do FGVT.

O presidente da apVT, Pedro Costa Ferreira, na quinta-feira, em declarações à Lusa, anunciou que a totalidade dos casos recebidos no Provedor do Cliente não ultrapassava os 300, mas admitiu que este número "vai aumentar de forma que poderá ter significado".

No entanto, a apVT ressalva que os valores envolvidos, se comparados com a estimativa de valor inicial, de cerca de 100 milhões de euros, "será efetivamente residual, e concentrada num número igualmente residual de agências de viagens", e que são poucas as agências de viagens sem capacidade de reembolsar clientes das viagens canceladas em 2020, devido à covid-19, tranquilizando sobre o reembolso a quem tem direito.

"Sempre dissemos que a resposta do setor seria efetiva, mas naturalmente assimétrica, com algumas agências a serem incapazes de cumprir com os reembolsos. A mensagem que queremos deixar é de tranquilidade. Todos os consumidores, que a tal tenham direito, serão reembolsados", afirmou na altura o presidente da associação, comentando denúncias de pais de alunos finalistas (em 2020) sobre o incumprimento da devolução pela agência Xtravel.

Na semana passada, dezenas de pais de finalistas em 2020 com viagem a Espanha cancelada devido à covid-19 denunciaram à Lusa o que a agência Xtravel tem incumprido a obrigação de reembolso, que a lei exige ser feitos até 14 dias após o pedido de devolução à agência, e que alguns já recorreram ao Provedor do cliente e à comissão arbitral.

A viagem a Punta Umbria, Espanha, prevista para 28 de março de 2020, envolvia 10 mil alunos e foi tema de notícia, nesse mês em que surgiram os primeiros casos de covid-19 em Portugal, porque a agência xTravel quis adiar a viagem para dezembro e os pais, em protesto, enviaram uma carta aberta ao Governo, que acabou por interditar viagens de finalistas e ordenar às agências o reagendamento ou a emissão de vales, válidos até 31 de dezembro de 2021, período após o qual podiam solicitar o reembolso.

Na semana anterior, o presidente da apAVT tinha informado que os vales emitidos pelas agências por viagens canceladas até final de setembro de 2020 atingiam 100 milhões de euros e estavam praticamente resolvidos, com os litígios a não serem "materialmente relevantes", no sentido em que nos tribunais arbitrais, no provedor do cliente, na Deco, não se conhecem muitas reclamações

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