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21 junho 2022
16:34
Gonçalo Palma

12 espaços ao ar livre idílicos para concertos

12 espaços ao ar livre idílicos para concertos
Bauer Media Audio Group/Associated Press
Neste início de verão, selecionamos espaços onde a humanidade e a natureza fizeram milagres em prol da música ao vivo.

Agora que entramos na estação mais quente do ano, escolhemos 12 espaços ao ar livre ídilicos para concertos: quatro do nosso país, quatro do nosso continente e quatro do resto do mundo.
 
São espaços que atraem tanto ou mais que os próprios artistas que lá vão tocar, e em que a envolvência dá um toque mágico aos espetáculos. Esta é uma viagem pelos palcos, mas acima de tudo pela beleza que este planeta nos reserva. 

Parque da Cidade (Porto)
É um belíssimo espaço junto à Foz e com o mar ao lado, com os seus belíssimos recantos e numerosos arbustos e arvoredos, que os festivaleiros do NOS Primavera Sound conhecem bem. O declive junto ao palco principal forma um anfiteatro natural, com o conforto extra do piso relvado. Há mais eventos musicais neste recinto, incluindo as festas académicas.

 

Paredes de Coura 
É difícil encontrar um melhor anfiteatro natural para concertos do que o de Paredes de Coura, junto à Praia Fluvial de Taboão. Este anfiteatro arrelvado, com a sua inclinação, cria facilmente uma atmosfera calorosa nos concertos que decorrem no palco principal do festival de Paredes de Coura. Qualquer ponto no anfiteatro, por mais distante que seja do palco, tem ótima visiblidade e permite viver o concerto com proximidade. A floresta circundante e os ares campestres tornam o espaço ainda mais especial, junto à vila minhota de Parede de Coura.  

 

Anfiteatro Keil do Amaral (Lisboa)
Há vários anos que a música ao vivo de Lisboa tem estado de costas para este espaço idílico do Parque Florestal de Monsanto, mas o Anfiteatro Keil do Amaral continua de frente para a cidade, com uma vista fantástica para a mesma, sobretudo à noite, quando se vêm os imensos pontos luminosos da capital por atrás do palco. O espaço avantajado conta com um relvado arranjado como bancada, à volta de uma arena circular onde é montado o palco. Na primeira década deste século, foram muitos os concertos no Anfiteatro Keil do Amaral, como os de Ali Farka Touré, Carlos do Carmo, Clã, Gabriel O Pensador ou os Clã. É difícil compreender o atual desaproveitamento do recinto, no que à música respeita.


Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian (Lisboa)
É uma das melhores conchas abertas da cidade para música ao vivo, com uma acústica praticamente perfeita, envolvida pelo Jardim da Gulbenkian e encostada ao Centro de Arte Moderna da Fundação. O palco semihexagonal tem um fascinante pano de fundo arbóreo e relvado, protegido por uma cobertura que é ela própria uma obra de arte. O Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian costuma ser um dos epicentros do festival Jazz em Agosto. Nos períodos diurnos, alguns daqueles 400 assentos em cimento costumam ser usados pelos cidadãos e turistas em geral, para ler, repousar, comer a marmita ou namorar. Os sons dos pássaros e dos patos também emprestam a sua musicalidade ao espaço.

 

Benicàssim (Espanha)
Por mais megalómanas que sejam as estruturas de um grande festival de música como o de Benicàssim, é impossível ignorar o que está à volta. Poucos metros abaixo do recinto, está a estância balnear de Benicàssim e o azulão do mar do Mediterrâneo. Logo acima, está o cenário western e montanhoso do Desierto de las Palmas. É improvável descobrir na nossa península um ambiente mais veraneante, abençoado por noites quentes que nos permitem estar de calcões e de camisola de manga curta às quatro horas da madrugada.

 

Théâtre antique d'Orange (Orange, França)
É um dos grandes monumentos romanos do sul de França, que foi resistindo ao tempo, às Invasões Bárbaras, às pilhagens das Guerras Religiosas e, mais recentemente, a um concerto dos Iron Maiden. Impressiona o muro sumptuoso onde sobrevive em espaço priviliegiado a estátua do imperador César Augusto e alguma colunas romanas. Graças a uma das obras de manuntenção, ergue-se uma obra-prima de engenharia: uma estrutura de cobertura do muro que permite não só conservá-lo, como de servir de proteção ao palco, fornecendo ainda boas condições acústicas. O anfiteatro esplendoroso tem uma inclinação que permite aos músicos em palco terem todos os milhares de espectadores em cima de si. É o que se sente no espetáculo dos Cure de 1986, eternizado para a posteridade no filme-concerto "Orange". Nos anos 70 e 80, foi havendo diversos concertos rock naquele anfiteatro romano, como os casos dos Police, de Elton John, dos Dire Straits ou dos Pogues. 

 

Dalhalla (Rättvik, Suécia)
Se há um local onde o palco parece um brinquedo em miniatura perante o gigantismo envolvente é na pedreira de Dalhalla. Aquela coisa pequenina que faisca e colora aquele cinzantão enpedrado é a estrutura do palco durante os espetáculos. O anfiteatro está esculpido naquela cratera gigante que é um buracão no meio da floresta. A língua de palco é uma ponte pedonal sobre o lago. Há músicos que podem mergulhar na multidão, outros que mergulham no próprio lago. O stagedive de Will Butler dos Arcade Fire em 2010 foi um salto para a água durante a apoteose do tema 'Rebellion (Lies)'.


Odeão de Herodes Ático (Atenas, Grécia)
Pode não ter a acusticidade perfeita e mitológica do Teatro de Epidauro, que dispensa amplificação elétrica, mas é neste anfiteatro da Grécia Antiga, junto à Acrópole, onde se realizam mais concertos de músicos de primeira e segunda linhas. As restauradas bancadas semicirculares são imponentes, com uma arena axadrezada. O cenário deste teatro greco-romano das colinas atenienses faz repensar o conceito de histórico a qualquer "dinossauro" da música que sobe àquele palco.


Anfiteatro de la Quinta Vergara (Valparaíso, Chile)
Situa-se no grande parque de Quinta Vergara, colado à cidade costeira de Valparaíso. Sobrevoado, parece um estádio olímpico. Mas debaixo daquela carcaça sumptuosa, o ambiente é bem mais cultural. Tudo é monumental, desde o palco às colunas elevadíssimas que sustentam algumas estruturas no topo, ao próprio anfiteatro, com plateia sentada e uma enorme bancada superior, num total de 15 mil lugares sentados. Alcunhado de El Monstro, foi gradualmente ganhando várias estruturas de coberturas parciais, depois de inicialmente ter sido um anfiteatro totalmente ao ar livre inspirado no Hollywood Bowl, em Los Angeles. O Festival Del Viña Del Mar é o grande evento que acontece naquele majestoso espaço, que tem os caprichos de dois piso subterrâneos e ótimas condições para grandes cenografias.

 

Red Rocks (Morrison, Estados Unidos)
Este recinto não poderia faltar: um anfiteatro ao ar livre escavado nas rochas carismáticas de Colorado. Duas enormíssimas rochas amuralham a enorme bancada. São ótimas vistas quer para o recinto, quer para fora dele, sobretudo para quem não sofre de vertigens. Do cimo do anfiteatro com capacidade para quase dez mil pessoas, contempla-se a paisagem montanhosa e monumental do parque de Red Rocks. Perante aquela dimensão natural tão colossal, é fácil esquecemo-nos que há uma grande cidade ali ao lado, chamada Denver. Através de "Live at Red Rocks", os U2 ajudaram a mitificar o anfiteatro, numa noite fria de 1983, iluminada por uma espécie de tochas olímpicas no topo das várias torres do anfiteatro. Mas antes, o espaço fundado em 1941 já tinha um enorme historial, de que fazem parte os Beatles, Johnny Cash ou os AC/DC.  

 

Hollywood Bowl (Los Angeles, Estados Unidos)
Cavado no meio dos Hollywood Hills, tal como o igualmente deslumbrante Greek Theater, o Hollywood Bowl é provavelmente o anfiteatro ao livre com mais história no rock. Atuaram no recinto desde os Beatles e os Doors a Jimi Hendrix e Pink Floyd. Depois, claro, a história continuou a ser escrita. O anfiteatro tem uma extensão gigantesca, com capacidade para albergar mais de 17 mil lugares sentados. Marcante e icónico é também o palco aconchado, remodelado em 2004. 

 

The Gorge Amphitheatre (estado de Washington, Estados Unidos)
De todos os recintos ao ar livre desta lista, este é o que está mais enfiado num parque natural e o mais longe dos meios urbanos (Seattle fica a duas horas e meia de carro). O belíssimo anfiteatro de piso relvado permite uma panorâmica para um lindíssimo rio com aparência de lago,  o Columbia River, e para as montanhas circundantes. O aparato do palco e as respetivas imediações são os únicos rastos de humanidade no meio de milhares de quilómetros quadrados de paisagem natural. Dave Matthews quase que já vive no recinto, tanta as dezenas de vezes que lá tocou.

  
Fotos do Parque da Cidade (Porto), do Odeão de Herodes Ático (Atenas) e de Red Rocks (Colorado) [em cima, da esquerda para a direita];
do Anfiteatro de la Quinta Vergara (Valparaíso), do Hollywood Bowl (Los Angeles) e do Gorge Amphitheatre [em baixo, da esquerda para a direita] 

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