Roger Waters quer processar os responsáveis pelo cancelamento dos concertos na Alemanha

Roger Waters, que está em Portugal para dar dois concertos na Altice Arena, está a ameaçar os responsáveis que cancelaram alguns concertos em solo alemão no âmbito da fatia da digressão "This Is Not a Drill", que arranca hoje, 17 de março, em Lisboa.
No final do mês de fevereiro, as entidades oficiais do estado de Hesse e da cidade de Frankfurt, Alemanha, impuseram a proibição do concerto de Roger Waters no Festhalle (uma das grandes salas de espetáculos de Frankfurt), que estava marcado para o dia 28 de maio, com base na acusação de antissemitismo "aparente" ao músico britânico, que se destacou como o principal criativo dos Pink Floyd.
O comunicado das entidades alemãs justificou a decisão com aquilo a que apelidou de várias ações hostis de Roger Waters para com o Estado de Israel, entre as quais os seus apelos a outros músicos de boicote de concertos no país judaico, ou a comparação que fez das políticas de Jerusalém com o regime racista sul-africano do Apartheid, com base da atuação das forças israelitas contra os palestinianos.
Segundo avançou ontem o jornal The Guardian, o apelo ao cancelamento do espetáculo do artista inglês também foi feito por determinados partidos da Câmara Municipal de Munique, onde Rogers é suposto atuar a 21 de maio. O mesmo acontece na cidade de Colónia - sendo que neste caso os responsáveis pela sala onde vai ter lugar o concerto recusaram o cancelamento, alegando "não haver uma base legal" para essa tomada de posição.
Ontem, 16 de março, o músico britânico usou as redes sociais para anunciar que vai tomar medidas legais contra a "política de cancelamento", sublinhando que já acionou a equipa de advogados para agir legalmente.
"Os meus advogados estão a tomar medidas para garantir que os meus concertos em Munique e Frankfurt, agendados para maio de 2023, aconteçam conforme planeado", começa por escrever Waters no comunicado que publicou nas contas oficiais.
"Os direitos humanos e a liberdade de expressão para todos devem prevalecer sob a lei alemã. É por isso que estou a assumir esta posição. Para garantir que a vontade de alguns não me impeça de atuar em Frankfurt e Munique", refere o músico e ativista. "Estou a dar um passo sem precedentes que é o de recorrer à lei para me proteger das ações inconstitucionais de duas autoridades que parecem confiar nas acusações falsas que foram feitas contra mim, ou seja, que sou antissemita. Quero deixar claro, e de uma vez por todas, que não sou antissemita e nada que alguém possa dizer ou publicar vai alterar isso. As minhas opiniões públicas referem-se apenas às políticas e ações do governo israelita e não ao povo de Israel", afirma ainda Waters.
"O antissemitismo é odioso e racista. Condeno-o da mesma forma que condeno todas as formas de racismo. Não vou insistir no esclarecimento da minha posição. Estou confiante que a verdade e a lei vão prevalecer. As autoridades em causa não vão ser bem-sucedidas a negar o básico em matéria de direitos humanos".
Também a Comunidade Israelita de Lisboa manifestou "profundo desagrado" com a passagem de Roger Waters por Portugal. Num comunicado divulgado no início de março, a Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) "torna público o seu profundo desagrado com a vinda do músico a Portugal, um país que tem sabido evitar dar palco ao extremismo e ao discurso de ódio".
Roger Waters, um dos fundadores dos Pink Floyd, abre a etapa europeia da digressão mundial "This Is Not A Drill" mais logo na maior sala de Lisboa. Amanhã, o músico volta a atuar na mesma sala.