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09 outubro 2019
16:36
Redação / Agência Lusa

Bolsonaro sugere que não vai assinar Prémio Camões de Chico Buarque

Bolsonaro sugere que não vai assinar Prémio Camões de Chico Buarque
REUTERS
O Presidente brasileiro deu hoje a entender que não irá assinar o diploma do Prémio Camões dado ao compositor e escritor. Chico Buarque já reagiu e agradece.

 

A informação foi avançada pelo jornal Folha de São Paulo. Ao ser questionado sobre a assinatura do documento, Bolsonaro respondeu que a decisão era "segredo", sendo que logo depois acrescentou: "até 31 de dezembro de 2026, eu assino". A data referida por Jair Bolsonaro coincide com o final do um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022. Chico Buarque é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor do ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e crítico do governo de Jair Bolsonaro.

O valor total do prémio é de 100 mil euros, divididos entre Brasil e Portugal. A parte que cabia ao governo foi paga em junho, e a assinatura do diploma é apenas uma formalidade, mas o documento poderá chegar às mãos do músico sem a assinatura do presidente do Brasil.

O assunto dividiu o governo de Bolsonaro, com alguns mais moderados a defender que este deveria cumprir a tradição de assinar o documento e evitar um constrangimento com Portugal, e outros, de mais próximos do presidente brasileiro, a considerar importante o "gesto político", posicionando-se contra o uso de recursos públicos em ações que consideram não prioritárias, de acordo com a imprensa brasileira.

No passado dia 20 de setembro, a revista Veja, com sede em São Paulo, noticiou que o diploma assinado pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, já se encontrava em Brasília, no gabinete do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que tutela a Cultura, à espera da assinatura de Bolsonaro.

Chico Buarque já reagiu à notícia. "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prêmio Camões", pode ler-se nas contas oficiais do músico nas redes sociais.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

“A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões.”

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Chico Buarque foi anunciado vencedor do Prémio Camões 2019, no dia 21 de maio, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro.

 O Ministério da Cultura de Portugal garantiu hoje que o Prémio Camões será entregue a Chico Buarque na altura que melhor convier "a quem entrega e a quem recebe o Prémio", estando já em curso o processo de marcação de data. 

"A cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque realizar-se-á em Portugal, conforme ditam as regras, na data que for conveniente a quem entrega e a quem recebe o Prémio. Está em curso o processo para marcação da data", disse fonte do Ministério da Cultura à agência Lusa.

Buarque fora já distinguido duas vezes com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura, e por "Budapeste", em 2006.

Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro.

Estreou-se nas Letras com o romance "Estorvo", publicado em 1991, a que se seguiram obras como "Benjamim", "Tantas palavras" e "O Irmão Alemão", publicado em 2014.

Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois pelo conjunto da obra literária.

Chico Buarque é um dos nomes em destaque na edição deste ano do festival de cinema DocLisboa, com a exibição do filme “Chico: Artista Brasileiro”, de Miguel Faria Jr., no próximo dia 18, no cinema São Jorge, em Lisboa.

O documentário, que retrata a vida e obra do músico e escritor, foi recentemente retirado do programa de um festival de cinema no Uruguai, por pressão do Governo Bolsonaro e da embaixada brasileira naquele país.

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum".

Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, autor de "A ilha fantástica", "Os dois irmãos" e "O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", entre outras obras.

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