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10 janeiro 2020
18:20
Redação

Foi descoberta vegetação nos Himalaias

Foi descoberta vegetação nos Himalaias
K. Anderson; D Jones
Novas pesquisas mostram que há vegetação a expandir-se em grandes altitudes nos Himalaias, em áreas onde não existia vida vegetal anteriormente

A montanha mais alta do mundo, o Monte Evereste, tem estado a mudar de cor ao longo das últimas décadas. O branco da neve dá agora a lugar, cada vez mais, ao verde da vegetação. O cenário tem estado a verificar-se um pouco por toda a cordilheira dos Himalaias.

Investigadores descobriram vida vegetal em grandes altitudes nos Himalaias, incluindo a região do Evereste, num estudo divulgado pelo jornal Global Change Biology.

As ervas e arbustos surgiram concentrados na área entre a linha das árvores (limite da região onde as árvores são capazes de crescer) e a linha da neve (fronteira entre a terra coberta de neve e terra sem neve). Nesta zona, as plantas são principalmente pequenas ervas e arbustos.

"A tendência mais forte no aumento da cobertura vegetal foi entre 5 000 metros e 5 500 metros de altitude", diz a principal autora do relatório, Karen Anderson, da Universidade de Exeter.

A investigadora acrescenta ainda que "em zonas mais altas, a expansão foi forte em áreas planas; enquanto que em níveis mais baixos, a expansão mais forte foi observada em inclinações mais íngremes". Porém, a pesquisa não examinou as causas destas mudanças.

Para medir a extensão da cobertura vegetal nesta zona (entre a linha das árvores e a linha da neve) foram utilizados dados do satélite "Landslat" da Nasa, de 1993 a 2018. As imagens do satélite cobriram diferentes áreas nos Himalaias, desde Mianmar (no este) ao Afeganistão (no oeste).

O estudo encontrou, na região do Evereste, um aumento significativo na vegetação entre os 4 150 metros e 6 000 metros de altitude.

 

Dados do satélite Landsat: extensão da vegetação em 1993 (azul) e 2017 (vermelho), na região à volta do Monte Evereste

 

Outros investigadores confirmaram que "o desvio da linha de neve para altitudes mais altas nesta zona oferece oportunidade para o crescimento da vegetação", pelo que explicou à BBC Walter Immerzeel, da Faculdade de Geociências da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Walter Immerzeel diz também que a pesquisa "corresponde às expectativas do que aconteceria num clima mais quente e húmido".

Uma outra investigação explicou que os ecossistemas dos Himalaias são altamente vulneráveis a mudanças de vegetação, induzidas pelo clima. Achyut Tiwari, professor assistente do departamento de botânica da Universidade Tribhuvan do Nepal, conta que descobriram que "a linha das árvores se expande nas regiões subalpinas do Nepal e da China à medida que a temperatura aumenta". Portanto, "se isso acontece com árvores em altitudes mais baixas, as plantas em altitudes mais altas também irão reagir ao aumento de temperatura".

A imagem da vegetação em expansão é também confirmada por alguns cientistas que visitam regularmente os Himalaias:

"Plantas estão, de facto, a colonizar as áreas que eram anteriormente glaciares em alguns destes Himalaias", garante, à BBC, Elizabeth Byers, ecologista de vegetação que realizou campos de estudo nos Himalaias Nepaleses, durante quase 40 anos.

Elizabeth acrescenta que "em alguns locais onde havia glaciares de gelo limpo há muitos anos, há agora rochas cobertas de detritos, e nelas conseguem-se ver musgos, líquenes e até flores".

 

(Fotografia: Elizabeth Byers) Algumas localizações de alta altitude nos Himalaias têm plantas como esta.

 

Karen Anderson, acima mencionada, refere que "uma das questões é o que é que a mudança na vegetação muda para a hidrologia (propriedades da água) na região", visto que mais de 1,4 mil milhões de pessoas dependem de água proveniente daqui.

Por isso, os investigadores afirmam que ainda são necessários estudos detalhados sobre a vegetação nas zonas altas dos Himalaias para entender como as plantas interagem com o solo e com a neve.

 

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