
«Mãe, elas não andavam mesmo com estes decotes, pois não?» foi a pergunta lançada pela milha filha adolescente, a meio de um episódio de uma serie que retrata a sociedade inglesa do tempo da rainha Victória. Respondi um «olha-que-sim», acrescentando «parece que nesse tempo, seculo XIX, o que as senhoras não podiam mesmo mostrar era os tornozelos, imagina! Com os ombros não havia problemas.» E continuámos a ver o episódio…embora os meus pensamentos, para além de serem ocupados com o trama que estava a ver entre a Rainha, a sua irmã Feodora e o seu marido Albert, fossem ocupados por mil questões que me transportaram de um lado para o outro na História, focando esse ponto: que engraçado é parar e perceber como tudo vai sendo mudado nas sociedades, nas mentalidades, no modo de olhar as coisas e as pessoas, ao longo dos tempos.
Quando nascemos encontramos o mundo (e sobretudo o nosso mundo, das coisas à nossa volta) de uma determinada maneira, e por isso facilmente interiorizamos que sempre foi assim pois na nossa cabeça não faz sentido de outra maneira. Mas a verdade é que isto tudo nem sempre foi assim! Para o bem e para o mal as convenções vão existindo, funcionando e desaparecendo. As modas, que não só de roupas e penteados, vão caracterizando as gerações, os seus pensamentos, o seu palavrear, as suas mentalidades. Até na ciência e na medicina isso acontece, como o costume de tirar o apêndice no seculo XIX ou as amígdalas nos anos 70 do seculo passado (hoje em dia arriscaria dizer que quem não anda de “aparelho” nos dentes não é filho de boa gente…).
Nem sempre tudo foi assim tal como vivemos agora. Vale a pena mergulhar na História e realizar na nossa cabeça, para lhe darmos até o justo valor, que certos diretos que temos atualmente, tão naturais como o ar que respiramos, são fruto de grandes lutas dos que antes de nós intuíram para o mundo novos paradigmas: o direito ao voto, a abolição da pena de morte, etc.
E vale a pena também não nos escandalizarmos com certas coisas que são apenas fruto de alguma rebeldia que existirá sempre entre as gerações (a não ser que tragam algum mal ao mundo), pois vão passar e têm de ser entendidas no seu devido lugar…estou a pensar no furacão chamado «Elvis Presley» que nos anos 50 surgiu a cantar o «maldito» rock, bamboleando as ancas para gáudio das adolescentes da época e indignação das suas mães. Sempre haverá mães chocadas com os gostos das filhas…
Concluímos que sempre foi assim, o facto de nem sempre ter sido assim.
Para sempre Elvis Presley, o «rei do Rock’N’Roll»! Are You Lonesome Tonight?