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19 outubro, 2021
3 mins
Mixed Feelings

Onde nos leva o algoritmo...

Experimentamos cada vez mais a Internet como uma via aberta para que a nossa vida seja apoderada por um sem-número de marcas, soluções milagrosas, ideais e promessas. 
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Abro uma qualquer rede social e lá está o algoritmo implacável a funcionar! Lá está a publicidade, o serviço, a ajuda, e sei-lá-que-mais, a aparecer sem ninguém ter mandado vir.
Dizem os mais desconfiados e apologistas da teoria da conspiração, que tudo o que nos aparece inadvertidamente nas páginas da internet onde navegamos e nas redes sociais que alimentamos, é apenas fruto do facto de “andarem” a ouvir as nossas conversas, quer nos telemóveis quer nos computadores. Esboço um sorriso e imagino os milhões de pessoas que são precisas para ouvirem as conversas de outros tantos milhões, todas fechadas numa sala com mini phones, a trabalharem como formigas incansáveis, garantindo que tudo, mas tudo mesmo o que dizemos não ficará impune. Uma cena de filme, sem dúvida!

Seja como for, a realidade é que nos sentimos invadidos por coisas externas. Experimentamos cada vez mais a Internet como uma via aberta para que a nossa vida seja apoderada por um sem-número de marcas, soluções milagrosas, ideais e promessas. 

Não é só publicidade. Há mais do que simples “anúncios” nos assuntos que tomam verdadeiramente de assalto os nossos telemóveis ou computadores. A publicidade já estava instituída nas nossas vidas e pacificamente convivemos com ela. Convenhamos que quando é bem-feita até é útil e pode muitas vezes ser uma verdadeira obra de arte dentro do estilo. Isto de que falo aqui é outra coisa! Não se limita a querer convencer-me a comprar algum produto (que é no fundo o objetivo de qualquer campanha de publicidade) mas antes é como que se alguém quisesse efetivamente ler a minha mente e saber quais as minhas necessidades antes de eu própria as ter realizado na minha cabeça. Até podia ser assustador se não fosse tão irritante!  Não sei se lhe acontece a si mas a mim tira-me do sério sempre que surgem aqueles artigos que me garantem quais as peças de roupa que me ficam mesmo bem, ou a lista dos 5 alimentos que não posso deixar de comer na minha idade, ou os destinos de viagem que vou adorar!!! Como se atrevem a dizer-me isso tudo! Eu é que sei o que me apetece vestir, o que quero comer e para onde vou viajar! Vê-se bem que não me conhecem! Nada daquilo que me sugerem tem a ver comigo. Nem preciso de abrir os artigos porque só o facto de me quererem tirar o prazer de pensar e escolher sobre as coisas que quero, já me faz negar logo ali a importância de todo o resto! Depois de aplacada a exasperação, dou por mim a raciocinar como os meus amigos adeptos da teoria da conspiração (para quem o conceito de “algoritmo” que explica como os artigos vão ao encontro das preferências e vivências que demonstramos na Internet, nada significa), dizendo para mim mesma que afinal consigo enganar bem os tais senhores que metidos numa sala ouvem as minhas conversas! E divertida fico a pensar: “definitivamente não me conhecem…nem sabem o meu nome”…                                                                          

Dora Isabel