Estamos habituados à frase: "parar é morrer". Já tive oportunidade de escrever sobre o oposto. "Parar é viver", porque de facto, é algo essencial para o nosso bem-estar. Gosto particularmente da palavra inglesa "stillness". Esta predisposição para permanecer quieto e estar atento ao que nos rodeia. Ver a vida a acontecer, reparar no que nos atravessa. Os sons, os cheiros, o peso do toque.
Estar quieto é muito mais do que uma questão semântica. Não podemos ficar agarrados ao significado das expressões. Esta não é uma expressão nem uma vontade como quem pede ao filho para estar sossegado, ou ao animal de estimação para deixar de roer coisas que não deve. Esta é uma expressão que nos traz a consciência do momento presente. Não é desperdício de tempo, é reconhecimento do próprio tempo. É acolhimento, contemplação. É notar as coisas. Estar quieto como quem se senta na margem de um rio, reparando na sua corrente.
Há quem tenha medo de perder oportunidades, estando quieto. Mas esta capacidade de acolher um momento como tesouro para proteger, é uma forma de criar outros caminhos, outras perspectivas, outros mundos.
O mundo de hoje tudo faz para não nos deixar parar. Cada vez mais acelerado, estimulante, tentador e apelativo. Deixamo-nos levar pela rapidez e pela velocidade da vida. Eu próprio, preciso tanto de nada fazer, de nada pensar. Apenas estar quieto, reparando o presente. Parece paradoxal mas na realidade, não se está quieto de um dia para o outro. Estar quieto é um caminho que se percorre.