Beirute
Começo por dizer que nunca gostei muito de fazer grandes viagens…talvez porque o meu pai toda a vida foi um homem de viagens, conheceu o mundo inteiro em trabalho, mas eu preferia que ele tivesse ficado em casa (este assunto daria uma bela reflexão de mixed feelings, sem dúvida). A verdade é que me vi empurrada para viajar nos últimos tempos…e uma dessas viagens, talvez a que mais me marcou até agora, aconteceu o ano passado: Beirute foi o meu destino! Amei! Quase que podia apostar que fez a pergunta que todos os meus amigos fizeram quando lhes contei que fui para o Médio Oriente: mas foste de colete à prova de balas? Não, não fui. Ideias feitas, lugares comuns, estereótipos.
Todos vivemos falsamente pendurados nisso! A verdade é que Beirute é uma cidade muito pacífica, recuperada depois da guerra, onde cristãos e muçulmanos coabitam tranquilamente e onde nunca senti que corria algum perigo. Mas os estereótipos são terríveis!!! Os livros, os filmes e mais recentemente a internet, fazem que construamos imagens que depois nem sempre correspondem à realidade. Por exemplo, bem lá no fundo do meu inconsciente, fiquei à espera de olhar para uma terra com tons amarelos e cinzentos (tal e qual como nos filmes, como se a areia de um deserto qualquer enchesse todos os sítios do Médio Oriente). Mas não. Beirute tem cores, o mar ao fundo, o azul do céu, os restaurantes onde são servidos pratos de legumes e fruta colorida (dieta mediterrânea perfeita), os cachimbos matizados para se fumar o narguilé, e pessoas muito, mas muito simpáticas mesmo.
Para além de conhecer Beirute tive a oportunidade de ir ao cimo do Santuário da Harissa e de visitar Byblos, que é o porto mais antigo do mundo. Que sorte! O céu estava limpo e tanto o nascer como o pôr do sol em Byblos é algo inexplicável…que me encheu de mixed feelings!
Vou fechar os olhos e ouvir «Sunrise» de Norah Jones.