Ser nómada
Ser nómada
Não é fácil ser nómada. Ter que seguir caminho em busca de condições favoráveis. Ser constante alerta da sobrevivência. Mas será que ser nómada é apenas aquele que busca condições externas favoráveis ou trata-se também daquele que se quer encontrar noutros lugares?
A realidade que fica para trás acabará sempre por moldar aquilo que o nómada irá ter pela frente. Ou melhor, o entendimento daquilo que irá encontrar.
Ao lugar onde fores ter, faz como vires fazer. É fácil falar, ou neste caso, escrever. No entanto, em cima da pele e osso está uma história e independentemente da página em branco que se mostra apetecível, há muita tinta deixada em páginas anteriores.
Nómada é mais do que aquele que muda. É aquele que larga. É aquele que encontra. É mais do que aquele que se movimenta. É aquele que descobre.
O reencontro e a descoberta não é algo que aconteça em movimento. São momentos estanques que resultam do caminho. Mas o instante da revelação decorre na ocasião sem movimento. Na paragem.
Embora muitas vezes inconscientes, o nómada tem que ter presente que o seu tempo não é o tempo das coisas que lhe atravessam. É o nómada que muda e não o que com ele se cruza. Talvez lá fique um pouco da sua história mas muito mais história fará agora parte daquele que peregrina.
Há uma certa tendência para afirmar que o nómada não tem casa, não sabendo que casa, para ele, é algo distinto na sua definição. Casa, para um nómada, é tudo aquilo onde ele se possa sentir quieto, pleno e com vontade de parar. Uma conversa, uma pessoa, um olhar.
Há outra tendência. Assumir à partida que os nómadas, aqueles que não páram, aqueles que não assentam, aqueles que não ficam, dificilmente encontram o amor. Não fazendo nós ideia de que não fazem eles outra coisa.